Pediatra é indiciado em segundo inquérito por estupro de crianças
11 de setembro de 2024O pediatra Fernando Cunha Lima foi indiciado em um segundo inquérito por estupro de vulnerável contra duas crianças, sendo um menino e uma menina. O inquérito também incluiu depoimentos de duas sobrinhas do médico, que foram ouvidas como testemunhas.
O Jornal da Paraíba tentou entrar em contato com a defesa do médico, mas ainda não obteve resposta.
O inquérito foi concluído na terça-feira (9), mas a informação foi confirmada nesta segunda-feira (11) pela delegada Andrea Lima. Ambos os inquéritos foram conduzidos pela delegada Isabel Costa, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Infância e a Juventude, e o novo inquérito foi encaminhado à Justiça.
Segundo a delegada Andrea Lima, as sobrinhas foram ouvidas como testemunhas porque o prazo para a prescrição dos crimes contra elas já havia expirado. O mesmo ocorreu com outras duas sobrinhas que foram ouvidas no primeiro inquérito.
Em 14 de agosto, a Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa na qual confirmou que o médico havia sido indiciado por estupro de vulnerável após a conclusão do primeiro inquérito.
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou o pediatra por abuso sexual contra três crianças e pediu sua condenação por quatro crimes, uma vez que uma das vítimas foi abusada duas vezes. A pena total pode chegar a 60 anos de reclusão, e também foi solicitada a prisão preventiva do médico.
Médico sugeriu que vítimas estão ‘atrás de dinheiro’
No dia 6 de setembro, o médico Fernando Paredes Cunha Lima deu a sua primeira declaração pública desde que foi apontado como responsável por uma série de estupros contra crianças. Na saída da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e a Juventude da Paraíba, em João Pessoa, ele se declarou inocente e sugeriu que as vítimas poderiam estar “atrás de dinheiro”.
Inicialmente, Fernando se negou a falar com a imprensa, mas depois negou qualquer tipo de crime. “Nego. Nego para todo o sempre. Nego tudo”, resumiu.
Na sequência ele foi questionado sobre a razão das denúncias “Aí eu não sei, em verdade. Talvez atrás de dinheiro”, declarou Fernando Cunha Lima.
Entenda o caso
A primeira denúncia formal de estupro de vulnerável contra o pediatra Fernando Cunha Lima aconteceu no dia 25 de julho e foi tornada pública na quinta-feira (6).
A mãe da criança, que estava no consultório, disse em depoimento que viu o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da criança. Ela informou que na ocasião imediatamente retirou os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil.
Com a repercussão do caso, uma sobrinha do suspeito revelou que foi abusada quando também tinha 9 anos, na década de 1990, assim como suas duas irmãs. As denúncias, assim, indicam que os crimes aconteceriam há pelo menos 33 anos, já que o relato se refere a um estupro que teria sido cometido em 1991.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) informou nessa quarta-feira (7) que abriu uma sindicância para apurar o caso e suspendeu temporariamente o registro profissional do médico. Já a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do qual Fernando Cunha Lima era diretor, decidiu suspendê-lo e afastá-lo de suas funções diretivas.