Pec do Perdão aos partidos é mais um tapa dos deputados na “cara” dos brasileiros
14 de julho de 2024Os deputados federais deram mais um tapa na “cara” do brasileiro, no fim da semana passada. Aprovaram um perdão geral com a Pec da Anistia.
A Proposta de Emenda à Constituição livra os partidos políticos de multas por irregularidades na prestação de contas e também por não terem cumprido as cotas de gênero e de raça nas eleições de 2022.
A decisão agora vai para o Senado e com possibilidade real dessa anistia geral se concretizar.
Isso porque a proposta passou pela Câmara com a a rara união de partidos de direita, esquerda, centro. Ninguém soltou a mão de ninguém.
Somente parlamentares do Psol e Novo votaram contra essa chacota ao povo brasileiro.
Muitos traíram a população brasileira remotamente, escondidos pela tela de um computador, outros colocaram na conta do partido uma decisão que poderia ser da própria consciência. Fraqueza e esperteza.
Os políticos deste país, por conveniência e autoproteção, dão, mais uma vez, um péssimo exemplo. Jogam no lixo as regras que eles mesmo criaram.
Não é de se estranhar tanto descrédito aos agentes públicos e legisladores.
Eles não têm moral para exigir que ninguém cumpra regras porque as regras mudam de acordo com os benefícios que podem trazer para eles mesmos.
É um absurdo atrás de outro, com o dinheiro público.
Legislam em causa própria na cara dura, diante de uma população inerte, sem força para reclamar, preocupada em trabalhar para garantir o almoço, a janta, o pagamento da luz.
Sem multas
A proposta, em resumo, anula as punições aplicadas pela Justiça Eleitoral aos partidos que não obedeceram a essa determinação do TSE.
“Então é assim que funciona: os deputados e partidos votam as regras eleitorais, não as cumprem, muitas vezes de propósito, porque não querem, não concordam, por exemplo, com as cotas de raça e de gênero. E, depois, os próprios partidos e seus parlamentares votam o auto perdão”, disse Sâmia Bomfim, do PSOL.
A proposta também estabelece uma espécie de “perdão” aos partidos condenados a devolver recursos públicos e a pagar multas por irregularidades na prestação de contas.
Inclui na Constituição um Refis, um refinanciamento com isenção de multas e juros para dívidas dos partidos e autoriza os partidos a usarem recursos do fundo partidário para quitar débitos que não estão relacionados ao funcionamento das legendas.
Quarenta entidades de Transparência Eleitoral criticaram a PEC.
“Os partidos aprovam anistias seguidamente. Essa seria já a quarta anistia, mas nenhuma delas foi tão impactante como essa, passando a borracha em todas as condenações, em todas as todas irregularidades de todos os tipos cometidas por campanhas e partidos políticos. É uma sinalização muito, muito ruim para a sociedade brasileira”, afirma o diretor da Transparência Eleitoral, Marcelo Issa.
Concluída a aprovação na Câmara, a PEC ainda precisa ser aprovada no Senado. Terá que passar por duas votações separadas e contar com os votos de ao menos 49 dos 81 senadores.
Com informações do g1