Agência Minas Gerais | Minas Gerais lança serviço inovador de teleconsultoria para avançar em capacidade de diagnósticos
10 de julho de 2024Agilizar o atendimento, diminuir filas e melhorar a qualidade do cuidado em saúde oferecido à população. Esses são os objetivos da oferta de teleconsultorias à saúde, estratégia para ampliar a integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais.
Lançada nesta quarta-feira (10/7), durante o Tech Day, em Belo Horizonte, a iniciativa será colocada em prática, de forma gradativa, a partir de 17/7, e vai qualificar os profissionais que atuam nos municípios para realizarem a classificação e o manejo clínico dos pacientes de forma mais assertiva.
A Incorporação de Teleconsultorias no Fluxo Assistencial do Atendimento Ambulatorial Especializado no Estado de Minas Gerais é um projeto coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e financiado pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seigidi), que será executado pelos Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG e da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma).
“O objetivo do projeto é dar mais resolubilidade para a Atenção Primária, porque o profissional de saúde que está atendendo o paciente vai ser orientado quanto ao cuidado específico com aquele caso”, destacou o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti.
Ele ressaltou que a tecnologia terá papel essencial para tornar esse sonho realidade e vai permitir um avanço real nos atendimentos do SUS. “Além de tirar as dúvidas, o projeto vai gerar conhecimento e os pacientes não vão ter que se deslocar para serem atendidos em longas distâncias, porque vamos levar a informação até os profissionais que estão nos postos de saúde. Com o auxílio da tecnologia, certamente teremos grande oportunidade de resolubilidade da atenção primária, com melhoria dos indicadores”, completou o secretário.
O lançamento da teleconsultoria em saúde está sendo possível diante do financiamento do Ministério da Saúde, por meio do Projeto SUS Digital, que já teve adesão de 100% dos municípios brasileiros. De acordo com a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, o incentivo federal para a implementação do projeto federal será de R$ 464 milhões, dos quais, R$ 232 milhões já foram repassados aos estados brasileiros.
“O SUS Digital tem por objetivo promover a transformação digital de uma maneira ampla no país inteiro, para todos os estados e municípios e a teleconsultoria é um dos projetos que serão implementados. Considero o lançamento de hoje um marco muito importante para a saúde de Minas e quero parabenizar todos os envolvidos nesse projeto, porque, conforme registros que temos, a cada duas teleconsultorias, evitamos um encaminhamento, qualificamos a rede e melhoramos a qualidade da atenção em saúde para o usuário”, comentou Ana Estela Haddad.
As teleconsultorias serão conduzidas utilizando plataformas virtuais dos Núcleos de Telessaúde das universidades, por meio das quais os profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária poderão enviar suas dúvidas sobre casos clínicos aos teleconsultores especializados. O prazo de resposta das solicitações é de até 72 horas e os comentários permanecerão disponíveis na plataforma. Em caso de necessidade, o solicitante poderá encaminhar outras dúvidas ou informações adicionais após receber a primeira resposta.
Segundo Sandra Goulart, reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a SES-MG tem sido grande parceira da universidade em projetos voltados para a melhoria da saúde da população e a iniciativa vai contribuir para qualificar o cuidado em saúde dispensado para os usuários mineiros.
“As teleconsultorias serão realizadas por uma equipe multiprofissional que vai orientar os profissionais da APS e tentar atender às necessidade dos municípios. A UFMG é 100% SUS e estamos aqui para contribuir com o que for necessário. Temos um conhecimento estabelecido na área de saúde, e temos o Centro de Inteligência Cultural em Saúde. Vamos atuar para qualificar as pessoas e dar todo apoio para ajudar nos procedimentos e na construção dessa política pública. Na prática, vamos transmitir o conhecimento, empoderando os profissionais de saúde para fazerem os diagnósticos de forma mais assertiva”, explicou a reitora.
Para Wagner Ferreira, presidente da Feluma, o projeto vai beneficiar toda a população de Minas com um atendimento mais qualificado. “É um prazer estar ao lado do Governo Federal, do Governo de Minas e dos municípios neste momento, O que os profissionais da área da saúde fazem para a população é grandioso e iniciativas como essa são fundamentais para permitir melhorias no acesso aos serviços de saúde”, disse.
Sobre o projeto
As teleconsultorias vão permitir a discussão de casos dos pacientes entre profissionais de saúde por meio da tecnologia, para esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas aos processos de trabalho. Além das orientações pela plataforma digital, haverá cursos autoinstrucionais para os profissionais de saúde dos pontos da Rede de Atenção à Saúde, fazendo com que o processo de educação e qualificação seja contínuo.
Segundo a diretora de Políticas de Atenção em Saúde da SES-MG, Christina Coelho Nunes, o projeto acontecerá em etapas com duração de 12 meses. “A primeira etapa vai contemplar oito macrorregiões que foram priorizadas por condições epidemiológicas e a região piloto do projeto Saúde em Rede, que visa integrar os pontos focais da APS e AAE, com foco na linha de cuidado materno infantil, mas não se restringe a este escopo, pois será ofertado para os profissionais de atenção primária de 16 especialidades”, explica.
Neste primeiro momento, serão contempladas as macrorregiões Centro, Jequitinhonha, Norte, Noroeste, Nordeste, Leste, Leste do Sul e Oeste. A segunda etapa, contemplará as demais macrorregiões mineiras, com implementação gradual para todo o estado.
“A teleconsultoria vai permitir que os profissionais repliquem o cuidado aprendido. Por exemplo: se uma mulher grávida, que tenha diabetes gestacional, é atendida por um profissional da APS que vai utilizar a teleconsultoria, esse profissional terá o conhecimento necessário para conduzir o caso de outras pacientes que tenham condição de saúde semelhante, agilizando o tratamento e encaminhamento para exames e consultas em caso de necessidade”, completa Christina Nunes.
Para a secretária de Estado Adjunta de Saúde da SES-MG, Poliana Lopes, a teleconsultoria é a primeira parte de um projeto maior que está se concretizando e por meio da qual será possível perceber a evolução da saúde digital.
“Estamos muito contentes por ter essa primeira fase tomando forma e se tornando realidade e esperamos que, a partir de agora, possamos sentir a mudança na ponta, no usuário. Essa política foi construída a muitas mãos para auxiliar a APS, que, muitas vezes, se sente solitária na missão de conduzir o tratamento, por enfrentar uma rotatividade constante de profissionais. Precisamos sempre promover capacitação em relação aos nossos protocolos, às nossas linhas de cuidado, para que a gente reduza encaminhamentos desnecessários para a atenção especializada”, ressalta Poliana Lopes.
Serão oferecidas 130 mil teleconsultorias para a Atenção Primária à Saúde, nas especialidades de Ginecologia, Obstetrícia, Mastologia, Pediatria, Endocrinologia, Dermatologia, Ortopedia, Urologia, Reumatologia, Proctologia, Cardiologia, Neurologia, Pneumologia, Gastrenterologia, Nefrologia e Geriatria.
Após a teleconsultoria, o profissional da APS vai registrar o resultado no prontuário do paciente e avaliar a conduta adequada, seja o acompanhamento na APS ou o compartilhamento com a Atenção Especializada, seguindo o fluxo do compartilhamento do cuidado e atendendo aos critérios estabelecidos pelas diretrizes clínicas para que não altere o fluxo regulatório ambulatorial do município.
Para aderir ao projeto, os municípios interessados precisam assinar o termo de ciência, ter no mínimo um profissional da Atenção Primária e um da Atenção Especializada capacitados e indicar um ponto focal no município para a condução do projeto.
“É importante destacar que o sucesso das teleconsultorias depende diretamente do engajamento dos gestores municipais e fomento junto aos profissionais da saúde, para que a tecnologia seja amplamente utilizada”, conclui a secretária adjunta.
Tech Day Saúde-MG
O lançamento do projeto de teleconsultoria aconteceu durante o Tech Day Saúde-MG, iniciativa da SES-MG com o apoio da Seidigi e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), para promover a integração e o compartilhamento sobre inovações tecnológicas aplicadas à gestão da Saúde Pública em Minas Gerais.
O evento é voltado para gestores, profissionais de saúde de entidades públicas e privadas, acadêmicos e interessados em tecnologias para o SUS.